segunda-feira, 6 de abril de 2009

(Re) Encontros com a Língua Portuguesa



Registro Reflexivo do encontro GESTAR II de 02.03.09 a 06.03.09
(Re) Encontros com a Língua Portuguesa

É por meio da linguagem que o homem se relaciona com o mundo, agindo , criando e recriando representações individualizadas através da língua, resultantes de práticas sócio-interativas. Assim, a língua transcende a sua característica imanente de instrumento de comunicação e constitui-se como uma atividade criativa que implica ações entre os sujeitos, por meio das práticas discursivas.
Foi nesse processo de interação humana, por meio da linguagem, produzindo linguagem e efetivando discursos que aconteceu de 02 a 06 de março, o primeiro encontro de 2009 do GESTAR II/Bahia, reunindo “antigos” e “novos” formadores, coordenadores locais, coordenação geral do programa, especialistas da UNB e representante do MEC com o objetivo de evidenciar as ações propostas pelo programa no contexto atual , bem como discutir sobre os aspectos teórico-metodológicos que fundamentam e norteiam as atividades desenvolvidas durante o curso.
A abertura ocorreu na Escola Parque e as informações foram mais direcionadas aos formadores e coordenadores novatos, dos municípios que estavam pela primeira vez tendo contato com a proposta do curso. Os discursos de todos os representantes revelaram entusiasmo e confiança nas novas ações do programa, os quais ressaltaram também a necessidade do compromisso e da responsabilidade de todos os envolvidos para dar continuidade a um programa que adquiriu tanta confiança e respeito nos lugares onde foi vivenciada a sua proposta. Salientou-se ainda, a sensível melhora nos índices do IDEB em relação a Língua Portuguesa e Matemática e esse fator foi perceptível nas escolas onde os professores participavam do programa que se efetivou na sala de aula com novas práticas.
O segundo momento do encontro foi a formação com os especialistas da UNB no Instituto Anísio Teixeira que proporcionou momentos de reflexão,(re)encontros, desencontros e (re)construção de conceitos, idéias, conhecimentos. Na situação inicial, ocorreu um desencontro de informações, a formadora não sabia que seu público-alvo eram formadores com experiência no trabalho com o GESTAR, por isso, já conheciam as concepções que direcionam as atividades e o material a ser trabalhado, com exceção dos AAA. Por conta disso, houve necessidade de redimensionar o planejamento, fato esse que foi discutido entre a formadora e os cursistas a fim de resolver a situação de uma forma que todos fossem contemplados com a decisão. Nesse sentido, vale ressaltar a postura flexível e de humildade assumida pela formadora Isabel quando entendeu a reivindicação do grupo diante da situação apresentada e procurou de forma democrática, buscar soluções para adequar às necessidades da turma . Tais características fazem a diferença na prática educativa e são fundamentais para estabelecer vínculos de confiança, afetividade e aprendizagem.
Situação resolvida, foi proposta a análise dos AAA( material até então desconhecido para todos do grupo) Foram momentos significativos de aprendizagem, uma vez que as atividades propostas eram analisadas minuciosamente por cada grupo e depois socializadas e discutidas por todos, o que oportunizou discussões calorosas acerca da abordagem de alguns assuntos, suscitando a necessidade de mudanças e adaptações em algumas atividades propostas nos livros, sendo detectados nos TP alguns “erros” de conceito. Os assuntos gêneros textuais e tipologia textual explanados no TP3 e AAA demandaram muita discussão, questionamentos, dúvidas e perguntas ainda sem respostas de acordo com as pesquisas realizadas e registros de fundamentação teórica que sustentam as concepções sobre a temática em questão. Marcuschi foi utilizado como autor- referência para embasar os novos conceitos sobre gêneros, já que ele é um dos pesquisadores que mais trabalhos realizou nessa área e o seu último livro é onde se encontram as pesquisas mais recentes , as quais, muitas delas foram também experienciadas no contexto da sala de aula.
Ficou claro, assim, que as questões conceituais geram distorções e provocam insegurança no fazer pedagógico do professor, mas não deve ser um aspecto que envolva o aluno e a prática do professor na sala de aula,posto que o trabalho na perspectiva dos gêneros o mais importante é a compreensão de que o processo da leitura e escrita deve ser feito com textos em gêneros de circulação social concreta, os quais são importantes para a prática social ativa e cidadã do aluno.
Outro momento significativo,foi o encontro com os novos formadores, os quais demonstravam ansiedade e preocupação quanto a aplicação do curso . Foi uma troca de experiências que nos fez refletir sobre nossa caminhada inicial e analisarmos como é importante o trabalho com o outro e para o outro.
O filme exibido para os cursistas de Língua e Portuguesa e Matemática.”Narradores de Javé” foi uma sugestão apropriada para trabalhar com o TP3 e TP4 e com questões concernentes às concepções de letramento, alfabetização e intertextualidade. O filme fornece elementos para uma discussão rica, fundamentada em ideologias e conceitos implícitos que permeiam a obra na relação linguagem e poder. Excelente oportunidade para discutir a relação que há entre o domínio da língua com a possibilidade de plena participação social do sujeito.
Proposta interessante da formadora no encontro foi a sugestão da criação de um “blog”, um diário eletrônico, onde nossas atividades, durante o curso serão postadas e possibilitará a interação mais efetiva com os demais colegas . Essa sugestão vem ao encontro da necessidade eminente que temos, todos nós, profissionais da educação de utilizarmos as novas tecnologias a serviço das práticas educativas. Todos os caminhos convergem para a alfabetização digital e precisamos nos inserir nesse novo contexto. Talvez isso demande tempo, pois o novo dá medo, insegurança, somos obrigados a sair da nossa zona de conforto sobre o que já conhecíamos para desbravar um novo espaço desconhecido, o cibernético, virtual. Grande desafio!
Mediante as reflexões aqui apresentadas, faz-se mister afirmar que todos os momentos vivenciados foram formas de (re)encontro: com os colegas “antigos”, parceiros nesta jornada(GESTAR), com os novos formadores, com nossa formadora Isabel, com os conceitos já formados ou aqueles que foram (re)construídos, com as novas teorias, com os AAA, com o conhecimento na interação com o outro, enfim no redimensionamento das nossas concepções que refletirão em nossas crenças e na prática pedagógica do ensino da língua.

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